A produção do espaço urbano de pequenas cidades no contexto regional de inserção da Universidade Federal da Fronteira Sul

A tese se insere na discussão sobre processos de estruturação socioespacial de cidades brasileiras de pequeno porte a partir da instalação de grandes empreendimentos. Tem como objetivo compreender o processo de produção do espaço urbano de pequenas cidades a partir da ação do capital imobiliário, diante da expectativa de ampliação da demanda por moradias e o consequente aumento de preços de aluguel e venda de imóveis. Adota-se como caso a experiência da Universidade Federal da Fronteira Sul, instituição pública de ensino superior criada pelo REUNI. Sua estrutura multicampi compreende seis campi implantados em uma rede de cidades de pequenos e médio porte dos três estados da região Sul. Como objeto de estudo elegeu-se o espaço urbano das três cidades pequenas que integram a rede institucional da UFFS (Laranjeiras do Sul/PR, Realeza/PR e Cerro Largo/RS). Os procedimentos metodológicos envolveram o levantamento de dados quantitativos relacionados, entre outros, aos deslocamentos de pessoas e de bens materiais gerados pela UFFS, às movimentações do mercado imobiliário obtidos a partir de classificados de jornais e contratos disponibilizados por imobiliárias, ao processo de expansão urbana através de decretos de aprovação de loteamentos; e qualitativos, com base em entrevistas semiestruturadas realizadas com os principais agentes produtores do espaço urbano dessas cidades, além de questionário direcionado aos servidores da UFFS Foram analisadas as transformações no espaço urbano das pequenas cidades estudadas, após a instalação dos campi da UFFS, assim como as mudanças decorrentes no padrão de produção desses espaços urbanos, evidenciando novos agentes como preponderantes no processo de estruturação dessas cidades. A expectativa do aumento da demanda por moradias geradas pela presença dos campi, inserem essas cidades em um circuito regional da economia, atraindo agentes externos. Estes tornam-se responsáveis pela reprodução dos padrões de produção de cidades maiores, baseadas na exploração do solo urbano pelo capital imobiliário. As análises desenvolvidas permitem afirmar que o espaço urbano de pequenas cidades que recebem grandes empreendimentos públicos organizados regionalmente, torna-se susceptível à ação do capital que age articuladamente por meio de ações interescalares e que definem a lógica de (re) produção do espaço urbano.