Porto Alegre da participação à cidade neoliberal: a produção do espaço urbano numa cidade em disputa

Porto Alegre está marcada hoje por mudanças e contradições em relação ao seu passado recente. Da cidade berço da democracia participativa e inclusiva se converteu nos últimos 8 anos na cidade da Governança Solidária Local. Isto não é somente uma mudança semântica, mas altera a forma e o conteúdo do espaço produzido na cidade. Esta alteração nos dá o problema principal da pesquisa: como as políticas urbanas implementadas desde o fim dos governos da Administração Popular tem organizado a ocupação do território e a produção do espaço urbano na cidade de Porto Alegre? Ao analisarmos os principais projetos em curso na cidade de Porto Alegre observamos indícios de que o modelo de gestão urbana adotado tenta se adequar ao modelo de planejamento estratégico, transformando em cidade empreendedora e, talvez, com intenção de se inserir no circuito das cidades globais. Partimos da hipótese de que ao adotar uma política urbana onde o principal projeto visa ampliar o regime capitalista, define um modelo de cidade com padrões de organização do espaço urbano característico de cidades neoliberais. A particularidade no caso de Porto Alegre é que toda estrutura de espaços criados para participação popular e suas narrativas de cidade da participação se mantém e tem sido usados, também, como forma de minimizar conflitos. Esta postura também está associada a um projeto de cidade. A pesquisa, então, tem como objetivo principal analisar os processos atuais de produção do espaço urbano e organização do território na cidade de Porto alegre a partir do modelo de gestão denominado Governança Solidária Local e sua relação com os espaços de Participação Popular e de gestão democrática da cidade. A investigação focará as diversas instâncias do poder público, além de pesquisa bibliográfica e análise de dados e investimentos realizados na cidade de Porto Alegre.