Revisando o plano diretor de Porto Alegre: instrumentos em busca de uma autenti-cidade

Ao analisar a história do urbanismo podem-se constatar inúmeras tentativas de enquadrar ou traduzir as dinâmicas que se estabelecem na cidade em uma lógica “simplificadora”, que possa ser gerenciada pela representação destas relações através de padrões que reproduzam unidade e harmonia para a paisagem da cidade. No entanto, esta tentativa de simplificação, ou de enquadramento destas dinâmicas através de normas ou conceitos muitas vezes abstratos, mais deturpa do que reflete a realidade. Assim, o propósito de conduzir o crescimento das cidades através de regramentos reducionistas – em geral vinculados às teorias e ideologias relacionadas com o urbanismo modernista – acabou muitas vezes desconsiderando aspectos cruciais como a história urbana ou as relações e reflexos das estruturas físicas sobre o homem e o meio-ambiente e vice-versa.

Desta forma, a pesquisa considera a influência da doutrina modernista sobre a elaboração dos planos, em especial o atual Plano Diretor de Porto Alegre, – que levou a uma ênfase nas normas reguladoras de controle urbanístico – e a decorrente necessidade de rever estes instrumentos. Tendo como base teórico-metodológica recentes estudos, em geral associados a movimentos constituidores da crítica ao urbanismo modernista, – e que revisitam as qualidades excepcionais das cidades tradicionais e o urban design – esta pesquisa tem como objetivo apontar caminhos possíveis para redirecionar a elaboração dos planos diretores dentro de um novo paradigma. Esta nova perspectiva deve ser menos linear – contemplando a imprevisibilidade e a complexidade inata à existência da cidade – e introduzir a noção de sujeito humano, – configurando a forma urbana a partir de princípios apoiados na observação da vivência real da cidade.