A expansão da forma urbana e limiares críticos de influência de atividades econômicas

Nos últimos anos, a ciência urbana tem trazido para os estudos da cidade uma nova maneira de se abordar fenômenos que é derivado do pensamento sistêmico. Ao que parece, a cidade não é mais entendida como um fenômeno do tipo causa e consequência como alegava a teoria moderna, nem como o resultado de um processo casualístico e totalmente aleatório como sustentava o pensamento pós-moderno, mas sim como um sistema dinâmico cujo comportamento é não linear, do qual são derivadas situações de ruptura e mudança que são impreditíveis a cada momento. Com base nessa abordagem, o trabalho apresentado alega que a expansão da forma urbana estaria associada ao surgimento de ofertas que estimulam o aparecimento de novas demandas quando limiares críticos das áreas de influência de bens e serviços são atingidos. Assim, as ofertas e as demandas se auto-organizariam espacialmente de maneira tal que sua relação de distância tenderia a respeitar um equilíbrio dinâmico vinculado a áreas de influência que; ao atingirem limiares críticos, perturbariam esse equilíbrio e levariam o sistema a um estado de mudança e ruptura no qual novas unidades de demandas são atraídas e, consequentemente, novas ofertas surgem para atender as necessidades desses novos mercados. Esse processo ocorre reiteradamente, levando a forma urbana a se expandir, já que há uma lógica de ocupação do espaço que associa os preços mais baixos do solo aos espaços mais distantes do centro. Assim, ocorre o crescimento periférico, a valorização das áreas mais centrais e a especialização dos serviços já existentes. Tendo como base esse cenário, o trabalho admite a hipótese de que a forma urbana reflete um processo que é derivado da própria cidade, isto é: as relações econômicas nela ocorridas estimulariam seu próprio crescimento, ou seja, o processo de expansão da forma urbana baseia-se nas relações comerciais que são por ela própria favorecidas. A fim de validar tal hipótese, a pesquisa propõe uma metodologia que busca correlacionar a expansão da forma urbana de cidades reais com a proposição teórica apresentada (https://www.youtube.com/watch?v=R5NDqI59fLI). Além disso, ele apresenta um modelo configuracional capaz de mensurar a influência que espaços com ofertas exercem sobre demandas, testado com um breve experimento exploratório, o qual apresenta resultados que, apesar de ainda embrionários, parecem sugerir que a proposição teórica apresentada é válida.